Pesquisadores

Antonio Celso Ribeiro

Graduado em Música (UFMG, 1993), Mestre em Linguística (UNIVAS, 2006), Licenciado em Artes (Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, 2007), Doutor em Música (Processos Analíticos e Criativos, UFMG, 2016). Pós doutor em Música Ladina em projeto com o Salti Institute for Ladino Studies, Israel. Estudou Composição com Eduardo Juan Bértola (Argentina) e Oilian Lanna, frequentando também masterclasses com Mozart Guerra-Peixe e Ernst Widmer. Foi premiado em diversos Concursos Internacionais de Composição, entre eles: 4th Brazilian International Bass Composition Contest - Brazil (2004); BAMdialogue - Amsterdam (2009); Shizhu Music Composition Contest - Taipei (2011) e Al-Quds International Composition Award ? Jerusalem (2011), Atlas Ensemble Composition Contest - Amsterdam (2014). Atua como Compositor, Arranjador, Orquestrador, Regente, Diretor Musical, Pesquisador Musical e na área de Lingüística (ênfase em Análise do Discurso - Linha Francesa e Bakhtin), Psicanálise, Processos Cognitivos e Perceptivos, Semiótica, Linguagem Gestual e Idade Média. Integra o Grupo de Estudos do CNPq "Arte, Filosofia e Literatura na Idade Média", coordenado pelo Prof. Dr. Ricardo da Costa. É Professor Permanente do Programa de Pós Graduação em Música da Universidade Federal do Paraná - UFPR, sendo membro do LaCSIA - Laboratório de Criação Sonora e Interação Artística desta mesma instituição. É Membro pleno da Red Latinoamericana de Filosofía Medieval - Argentina. Suas obras são publicadas pela Da_Sh Music Editions, Madrid, Espanha.

Página Pessoal: 

Clayton Rosa Mamedes

Professor adjunto nas áreas de Criação Musical, Tecnologias e Teoria Musical da Universidade Federal do Paraná, professor permanente e coordenador do Programa de Pós-graduação em Música da Universidade Federal do Paraná (UFPR), líder do grupo pesquisas Laboratório de Criação Sonora e Interação Artística (CNPq/UFPR). Desenvolve pesquisas sobre processos criativos e sobre aspectos teóricos e analíticos relacionados às áreas de instalações sonoras, interação, design sonoro, música contemporânea e música eletroacústica. É doutor e mestre em música na área de processos criativos pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e bacharel em música com habilitação em composição também pela Universidade Estadual de Campinas. Foi professor colaborador do curso de Composição e Regência da Universidade Estadual do Paraná - Campus Curitiba I, Escola de Música e Belas Artes do Paraná (UNESPAR-EMBAP). Realizou pós-doutorado junto ao Programa de Pós-graduação em Música da Universidade Federal do Paraná com bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Também foi bolsista de doutorado, de estágio de pesquisa no exterior, de mestrado e de duas iniciações científicas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)..

Página Pessoal: www.claytonmamedes.com

Indioney Carneiro Rodrigues

Indioney Rodrigues é compositor, arranjador e educador musical. É Doutor (PhD) pela University of London/Goldsmiths College (Londres, 2019) com tese apresentada sobre o tempo musical e a temporalidade do processo composicional musical. Sua dissertação de Mestrado (USP-2001), elabora aspectos da proposta de educação rítmica polimétrica de José Eduardo Gramani (USP, 2001), e possui Graduação em Música pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP, 1994). É professor associado da Universidade Federal do Paraná e atualmente exerce o cargo de Coordenador dos cursos de Graduação em Música oferecidos pelo Departamento de Artes da UFPR. 

Seus atuais interesses de pesquisa incluem o estudo de aspectos temporais, epistemológicos e ontológicos envolvidos no processo criativo musical, e aspectos formais emergentes da prática composicional. Também desenvolve pesquisas em processos criativos experimentais envolvendo improvisação livre, tecnologias interacionais e de realidade aumentada, e interfaces artísticas multiartes, incluindo performances híbridas, teatro musical e ópera. Seu portfólio composicional recente inclui o quarteto Flegetonte  (mostra Bienal de Música Brasileira Contemporânea da Funarte, 2019), o Balé-Concerto Águas do Éden e do Hades (em colaboração com o grupo Nova Camerata, 2018) e a Cine-ópera hawwwah (2017).

Roseane Yampolschi

Roseane Yampolschi é compositora e professora da Universidade Federal do Paraná. Realizou, na área de Criação Musical, o Pós-Doutorado no King's College, UK, (2014), o Doutorado e Mestrado, respectivamente, na Universidade de Illinois, EUA (1997) e na Eastern Illinois University, EUA (1993), e o Bacharelado, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ (1986). Possui especialização em filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG (2002), e foi Editora-Chefe da Revista Música em Perspectiva, da UFPR, de 2008 a 2010. 

O seu interesse na pesquisa está voltado para temáticas que tratam da gestualidade e do corpo na criação musical, da estética/poéticas contemporâneas na música (acústica e eletroacústica) e na arte sonora (instalações, vídeo-arte, música para cinema etc.). Na área de criação sonora, seus trabalhos têm se destacado por meio de festivais e de prêmios/distinções nacionais e internacionais, entre eles, World Music Days (Noruega e România), The University of Illinois Performing and Creative Fellowship, The Chambers  Players of the League (EUA), Bienal de Música Contemporânea - Funarte (Brasil). Recebeu bolsas de estudo e auxílios da Capes, do CNPq, do Centro Interdisciplinar de Estudos do Século XX (Portugal), UFMG - FAFICH, FAPEMIG, University of Illinos (USA) e da Eastern Illinois University (EUA). Mais recentemente, recebeu o prêmio do International Fund for the Promotion of Culture, da UNESCO,  para coordenar e criar, em colaboração, o projeto Weaving Music for Radio by Latin American Women Composers (2017).

Doutorandos

Fernando Hiroki Kozu

A pesquisa investiga alguns processos perceptivos do que estamos chamando de ‘figurações da escuta’ a partir do estudo do haicai e seus agenciamentos na criação sonora. Buscamos traçar um paralelo entre o haicai e sua tradição pré-moderna do Japão (1600-1850) – enquanto um eixo de referencialidades não metafísicas e não logocêntricas – e os múltiplos modos de expressão poética, seja na composição musical, na música experimental, na performance e arte sonoras ou na livre improvisação contemporâneas. Inicialmente, verificamos a presença do haicai e do zen budismo num amplo espectro do repertório artístico-sonoro desde o início do século XX aos dias atuais – seja em composições de H.J. Koellreutter, Willy Corrêa de Oliveira, Murray Schafer, seja na música acusmática de Annette Vande Gorne. Desse panorama, esboçamos duas grandes categorias de figurações da escuta, estabelecendo um território ora mais formal e estrutural, ora mais informal e experimental. Em seguida, por um lado delineamos um paralelo entre as características do zen e do haicai e alguns traços da filosofia da imanência de Deleuze e Guattari, considerando o haicai como uma hecceidade poética; por outro lado, definimos um campo ou textura expandidos da audibilidade ao considerar o haicai como uma escrita de ouvido a partir da perspectiva de sua integração com os estudos atuais que exploram a conjunção entre o som, a escuta, a escrita e a leitura de textos literários. Além disso, constatamos algumas formações de territórios híbridos – como em John Cage, Pauline Oliveros, Keith Rowe e Mieko Shiomi – diluindo as fronteiras rígidas entre arte e cotidiano e abrindo algumas possibilidades para pensarmos na ideia do haicai como uma performance da existência e um núcleo de forças motrizes no âmbito na criação sonora. Por fim, nosso principal objetivo é a realização de uma série de trabalhos autorais em composição, arte sonora e improvisação eletroacústica (com guitarra preparada) como forma de aglutinar a experiência de escrita e leitura de haicais com as contingências de nossa vida cotidiana. Esperamos assim contribuir com a área da Pesquisa em Arte (Artistic Reasearch) ampliando os dinamismos e limiares das condições para a produção de presenças e atmosferas sonoras e não sonoras – humanas e não humanas – e estabelecer um âmbito de atividades teóricopráticas em torno das propostas artísticas intituladas "Sendas", "Ouvir texturas ao vento" e "Mutação mútica": um interstício paradoxal onde se interpenetram o mundo real e o mundo imaginário, onde texto e escuta, tempo e espaço, sujeito e meio ambiente tecem e negociam ininterruptamente diálogos entre sons, sentidos e afetos.

Hugo Leonardo Martins Correa

O objetivo principal desta pesquisa é criar um jogo digital — intitulado Sonm — em que o áudio é apresentado, modificado e gerado pelo jogador através de formas de interação inerentes aos jogos. Em Sonm, o jogador utiliza sua própria voz para interagir e parcialmente direcionar as suas trajetórias no jogo, gerando deslocamentos e novas expectativas de sentido, movimento e ação. Nesse contexto, o material sonoro gerado pelas vocalizações é gravado pelo sistema e modificado, para então ser reaproveitado na trilha sonora em momentos distintos. O argumento central que sustenta as discussões nesta tese é a de que o áudio do jogo não é apenas um produto elaborado e gravado previamente, mas também um processo. Com base neste foco, os objetivos desta pesquisa consistem em ampliar o conceito de áudio procedural e, com base nessa ampliação, propor um jogo inovador que vai além das formas convencionais de uso comumente encontradas no que se refere ao design de áudio. Portanto, esta tese possui uma natureza prática e teórica uma vez que o jogo digital criado está vinculado com a reflexão teórica. Nesse sentido, a revisão de conceitos já consolidados pela literatura na área de jogos, ressaltando-se algumas de suas características, é fundamental para a sugestão de abordagens alternativas para a condução de uma experiência lúdica sonora, interativa e intencionalmente estruturada no universo dos jogos digitais. A conclusão obtida é que o mecanismo de voz presente no jogo digital Sonm é intrinsecamente processual, o que indica que é viável aplicar o conceito de áudio procedural por meio da síntese por amostragem.

Página Pessoal: https://www.hugoyasha.com 

Sergio Monteiro Freire

A tese faz parte de um processo experimental de pesquisa baseado na prática artística, que examina o potencial multifônico dos saxofones como ferramenta de composição. Através da análise do conteúdo harmônico de 30 digitações pré-determinadas e das suas respectivas duplicatas com chave de oitava ativada para os saxofones soprano, alto, tenor e barítono, numa expansão do conceito de threshold tone de Weiss e Netti, combinado com a abordagem de Raschèr para o estudo de harmônicos, foi realizada uma experiência que denota a possibilidade de estruturar características gerais de potencial multifônico no saxofone. Este processo experimental opera muito mais próximo das inclinações subjetivas associadas à composição musical na sua procura por materiais musicais. Para que tal aconteça, o som é observado na forma como pode apresentar potencial transformador no seu caminho para ser entendido como uma singularidade ressonante que se faz evoluir no tempo numa procura sistematizada de diversificação tímbrica no sistema acústico do saxofone. Este tipo de diversificação tímbrica que pode constituir material sonoro multifônico para o saxofone tem consequências significativas para a espectromorfologia do efeito sonoro e sua percepção. Isto leva a uma discussão sobre o que escutar dentro dos componentes que contribuem para a impressão de que um som se tornou múltiplo e como este pode diferir de outros sons multifônicos na sua própria complexidade. A questão de como visualizar o potencial transformador dentro das suas restrições acústicas revela a possibilidade multifônica como uma forma de improvisação que se constitui enquanto micro-composição. Esta abordagem orgânica, que inclui transições metaestáveis da proeminência de um som simples para um som múltiplo, acaba por reconsiderar a correspondência estabelecida de um para um entre os sons multifônicos e suas respectivas digitações, através das quais são produzidos. Além disso, resulta num sistema de catalogação, com mais de 7000 amostras gravadas, que indica um caminho para a obtenção de sons diferentes usando apenas uma digitação, de modo a permitir a reprodução e a sua própria expansão. As consequências espectromorfológicas deste processo experimental com sons multifónicos, na sua multiplicidade e subsequente catalogação, são produtos de um processo experimental de pesquisa baseado na prática artística, que por sua vez faz parte de uma investigação composicional mais vasta em curso, precedida pela dissertação de mestrado deste autor sobre os multifônicos do saxofone como material composicional primário. Esta tese coloca estas descobertas sônicas em peças para formações diferentes, com eletrônica, bem como acusmática, utilizando as amostras gravadas de multifônicos do saxofone, todas parte do meu ciclo Devastações.

Mestrandos

Daniel Genehr

Sua pesquisa trata das tipologias sonoras enquanto ferramentas de classificação do material musical e suas possibilidades de aplicação à composição. Partindo das metodologias de análise da música eletroacústica, busca-se realizar um levantamento das terminologias e conceitos presentes nas teorias dos autores Pierre Schaeffer, Denis Smalley e Helmut Lachenmann. Essas teorias fundamentaram a elaboração de um modelo de análise baseado em tipologias sonoras enquanto ferramentas de classificação do material musical. As terminologias e conceitos extraídos destas três teorias foram aplicados na composição de uma peça para violão e eletrônica cuja poética faz alusão à colagem. 

Guilherme Stromberg Guinski

Guilherme Stromberg Guinski tem o silêncio como foco de sua pesquisa, especificamente, as diversas formas de apresentação do silêncio de John Cage em relação às teorias da experiência mediada de Marshall McLuhan.

Luam Gabriel Clarindo Nunes

A presente pesquisa visa a investigar e a analisar interações criativas entre música e dança em performances de improvisação livre. Foram explorados processos criativos em performances de improvisação livre com música e dança por meio de entrevistas semiestruturadas envolvendo músicos e dançarinos que desenvolvem pesquisas artísticas sistemáticas na área de improvisação livre e de diversos laboratórios de experimentação artística realizados em dois contextos distintos — presencial e on-line —, e organizados em função da exploração dos diferentes níveis de interação entre gestualidade corporal e musical, propostos pelo musicólogo Marc Leman. Foram realizadas análises aplicadas dos resultados obtidos em tais entrevistas e laboratórios, tendo por base a coleção de registros audiovisuais dos mesmos, bem como os relatos de experiência dos seus participantes. Tais análises foram estruturadas multidisciplinarmente, em perspectiva da literatura, em diferentes frentes: no campo específico da improvisação livre, a partir das pesquisas do guitarrista Derek Bailey; no campo da dança, a partir das pesquisas do dançarino e coreógrafo Rudolf Laban; no campo da cognição musical corporificada, a partir das pesquisas do musicólogo Marc Leman; no campo da percepção musical, a partir das pesquisas de Egil Haga.

Paul Wegman

A pesquisa aborda o problema da unidade da obra musical tomando como ponto de partida os quatro sentidos primordiais de uno propostos por Aristóteles no livro X da Metafísica. Em função de delimitar o conceito de obra sobre o qual foi projetada a discussão aristotélica, foi elaborada uma discussão a partir de Ingarden (1986) e Dahlhaus (1982). A revisão bibliográfica realizada sobre textos de música demonstra a diversidade de sentidos e objetos aos quais a unidade se refere. Quando se trata da unidade da obra musical, geralmente o termo aparece pouco problematizado e associado a similaridade entre materiais composicionais e unidirecionalidade de mudanças paramétricas, dando suporte ao entendimento comum de que é uma qualidade essencial e necessária da obra musical. Encontramos também apontamentos relevantes sobre a unidade como condição necessária e unidade como virtude (Kenneth Stampp, 1968, 1975), que questionam o status da unidade como meio para “melhoramento estético”, em complemento a concepções de unidade da obra musical de uma perspectiva histórica (Barbosa, 2008). A partir disso emerge o seguinte problema: em que sentido uma obra musical pode ser una? Na história da filosofia, a Metafísica de Aristóteles é um dos textos mais antigos a tratar sobre o problema da unidade, o qual se mostrou ao longo da pesquisa como um ponto de partida pertinente para abordar de forma crítica o problema da unidade da obra musical hoje. Além de tentar responder esta pergunta em termos propriamente aristotélicos, a presente pesquisa contribui para ampliar a discussão sobre a unidade da obra musical revelando pontos de intersecção com o problema da variedade, do belo e da unidade como valor representado, temáticas fundamentais no âmbito da composição musical. Por fim, propõe-se um esquema classificatório que surge a partir da reflexão aristotélica projetada na obra musical, com objetivo de fornecer uma terminologia mais precisa e conceitualmente elaborada que sirva para análise e criação musical.

Raquel Frederico de Miranda Gonçalves

A pesquisa abrange três etapas. A primeira consiste em realizar um levantamento teórico sobre alguns processos criativos explorados por compositores do século XX e XXI: a indeterminação, caminho apresentado por John Cage (1912-1992); a forma móvel ou mobile, a qual Karlheinz Stockhauzen (19128-2007) aplica em algumas composições; o tempo livre e o uso de compassos complexos utilizados por Almeida Prado (1943-2010) são alguns dos caminhos que são tratados nesta pesquisa. A segunda etapa propõe a composição de um ciclo de peças para piano, chamado Ciclo de Lunatas – composições já em andamento – onde os caminhos criativos citados anteriormente são experimentados, e por fim, como fruto da composição do Ciclo de Lunatas, o memorial composicional.

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